Torto Arado, obra de Itamar Vieira Junior, transporta os leitores para o sertão baiano através de uma narrativa profunda e comovente sobre identidade, memória e resistência. Este romance, vencedor do Prêmio Leya e do Jabuti, captura a essência da luta pela terra e pela dignidade humana em um Brasil rural frequentemente invisibilizado na literatura contemporânea.

A narrativa revela as cicatrizes históricas e sociais que persistem no campo brasileiro, especialmente através das vozes femininas que conduzem a história. Através de uma prosa que mistura realismo e elementos místicos, Itamar Vieira Junior constrói um retrato contundente da desigualdade social enquanto celebra a força e a resiliência das comunidades tradicionais.
A trama que ecoa gerações de silêncio
A história acompanha duas irmãs, Bibiana e Belonísia, que vivem em uma fazenda no interior da Bahia, onde seus antepassados trabalharam como escravizados. Um acidente na infância marca profundamente a trajetória das meninas quando encontram uma faca antiga pertencente à avó. Este evento trágico estabelece o tom de toda a narrativa e simboliza os silenciamentos históricos impostos aos trabalhadores rurais.
Bibiana e Belonísia crescem em Água Negra, uma comunidade marcada pela exploração e pela miséria. Seus pais, Zeca e Salustiana, lutam diariamente pela sobrevivência em um sistema que perpetua estruturas de poder semelhantes àquelas do período escravocrata. A conexão das irmãs transcende a relação familiar, criando um vínculo espiritual que representa a força coletiva necessária para enfrentar as adversidades.
A narrativa se desenvolve alternando entre as vozes das protagonistas, permitindo que o leitor acesse diferentes perspectivas sobre os mesmos eventos. Cada personagem feminina carrega consigo não apenas sua própria história, mas também a memória coletiva de gerações de mulheres que resistiram à opressão sistêmica.
Tradição e espiritualidade como forma de resistência
O romance explora com delicadeza a importância das crenças e práticas religiosas de matriz africana como forma de preservação cultural e resistência. As cerimônias e rituais do jarê, manifestação religiosa típica da Chapada Diamantina, permeiam a narrativa e oferecem conforto e força às personagens diante das dificuldades.
A figura de Donana, matriarca e guardiã dos conhecimentos ancestrais, representa a transmissão oral dos saberes que não encontram espaço na cultura letrada dominante. Seus ensinamentos sobre plantas medicinais, rituais e histórias dos antepassados constituem um tesouro cultural inestimável que sustenta a identidade da comunidade.
A terra, mais que simples cenário, torna-se personagem central na obra. O título “Torto Arado” evoca a imagem do instrumento que fere o solo para o plantio, metáfora poderosa para as relações desiguais que marcam a formação do Brasil rural. No entanto, essa mesma terra ferida também nutre e possibilita a resistência daqueles que nela trabalham.
A luta pela terra como horizonte de esperança
A segunda metade do livro acompanha o despertar político das irmãs e da comunidade para a luta por seus direitos. O contato com movimentos sociais de trabalhadores rurais abre novos caminhos para as protagonistas, que começam a questionar a naturalização da exploração à qual estão submetidas há gerações.
Itamar Vieira Junior retrata com sensibilidade o processo de tomada de consciência política, evitando romantizações ou simplificações. Os conflitos internos e externos enfrentados pelas personagens demonstram a complexidade das relações sociais no campo brasileiro e os múltiplos obstáculos à emancipação dos trabalhadores rurais.
A escrita poética e contundente do autor cria uma atmosfera imersiva que captura os cheiros, cores e texturas do sertão baiano. O regionalismo transcende o pitoresco para revelar questões universais sobre pertencimento, justiça e dignidade humana. Cada página vibra com a autenticidade de quem conhece profundamente a realidade retratada.
Avaliações da rede
“Uma obra que me transportou para um Brasil que conheço pouco, mas que senti na alma. A escrita de Itamar é como um abraço doloroso e necessário.” – Marina Santos
“Nunca um livro me fez chorar tanto. As irmãs Bibiana e Belonísia ficarão para sempre em meu coração como símbolos de força feminina.” – Carlos Eduardo
“Torto Arado é daqueles livros que mudam nossa forma de ver o mundo. Uma narrativa potente sobre silenciamentos históricos.” – Fernanda Lima
“A prosa poética de Itamar nos conduz com delicadeza por temas brutais. Um retrato necessário do Brasil profundo que nos recusamos a enxergar.” – Pedro Almeida
“Livro que deveria ser leitura obrigatória em todas as escolas. Nos faz entender o Brasil a partir das margens, não do centro.” – Luciana Torres
Se você chegou até aqui…
É porque deseja muito ler este livro pois algo na narrativa sobre duas irmãs no sertão baiano despertou sua curiosidade. E com razão! Torto Arado representa um marco na literatura brasileira contemporânea, sendo frequentemente recomendado por professores de literatura e sociologia como leitura fundamental para compreender as complexidades sociais e históricas do Brasil rural.
A obra de Itamar Vieira Junior transcende o valor literário e se estabelece como documento histórico e social de um Brasil profundo que raramente ganha protagonismo nas narrativas nacionais. As experiências das personagens femininas, em particular, oferecem uma perspectiva única sobre questões de gênero, raça e classe que continuam relevantes na sociedade brasileira atual.
Ao incorporar este livro à sua biblioteca pessoal, você não apenas adquire uma obra premiada, mas também ganha acesso a um universo literário que ilumina aspectos essenciais da formação cultural brasileira. A leitura de Torto Arado certamente enriquecerá sua compreensão sobre as raízes das desigualdades que persistem em nosso país e inspirará reflexões profundas sobre identidade, pertencimento e justiça social.
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