"A palavra que resta" emociona com a jornada de Raimundo em busca do amor perdido através da alfabetização aos 71 anos.

“A palavra que resta” é um romance de estreia do escritor cearense Stênio Gardel que retrata a jornada emocionante de Raimundo Gaudêncio, um homem de 71 anos que decide aprender a ler para decifrar a única carta que recebeu de seu primeiro amor, Cícero, guardada por cinquenta anos. Esta obra sensível explora temas universais como amor proibido, analfabetismo, homofobia e a busca pela identidade em uma narrativa tocante que conquistou leitores e críticos da literatura brasileira contemporânea.

Uma obra que transcende gerações e preconceitos

Introdução

Stênio Gardel, servidor do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará e especialista em Escrita Literária, apresenta seu primeiro romance como resultado dos Ateliês de Narrativa ministrados pela escritora Socorro Acioli em Fortaleza. “A palavra que resta” marca a estreia promissora de um autor que soube extrair da realidade cotidiana nordestina uma história universal sobre amor, perda e redenção.

Trabalha no Tribunal Regional Eleitoral do Ceará e é especialista em Escrita Literária. Desde 2017 tem participado de diversas coletâneas de contos. A palavra que resta é seu primeiro romance e foi escrito durante os Ateliês de Narrativa ministrados pela escritora Socorro Acioli em Fortaleza.

O livro, publicado pela Companhia das Letras em 2021, não possui tradução em idioma estrangeiro, mantendo sua essência genuinamente brasileira. A obra se destaca por abordar temas delicados como homofobia, analfabetismo e exclusão social através de uma linguagem acessível e profundamente humana.

Visão geral

Temas principais

A narrativa explora diversos temas interconectados que conferem densidade e relevância social à obra:

Amor proibido e homofobia: A relação entre Raimundo e Cícero representa os amores silenciados pela sociedade conservadora, especialmente no interior nordestino. O flagrante que resultou na expulsão de Raimundo de casa simboliza a violência institucional contra a população LGBTQIA+ em contextos familiares e comunitários.

Analfabetismo e exclusão social: A condição de analfabeto de Raimundo não é apenas um obstáculo pessoal, mas uma representação da marginalização educacional que afeta milhões de brasileiros. A decisão de aprender a ler aos 71 anos demonstra que nunca é tarde para buscar conhecimento e autonomia.

Memória e ressignificação: A narrativa não linear permite que o passado dialogue constantemente com o presente, mostrando como eventos traumáticos podem ser reinterpretados e ressignificados através do tempo e da maturidade.

Resistência e coragem: Tanto a preservação da carta quanto a decisão de aprender a ler representam atos de resistência contra o apagamento e a submissão, evidenciando a força interior do protagonista.

Desenvolvimento narrativo e personagens

Raimundo Gaudêncio emerge como um protagonista profundamente humano, cuja trajetória de vida reflete as contradições e injustiças da sociedade brasileira. Homem analfabeto que na juventude teve seu amor secreto brutalmente interrompido e que por cinquenta anos guardou consigo uma carta que nunca pôde ler. Sua jornada de alfabetização aos 71 anos representa mais que aprendizado formal; simboliza a busca pela dignidade e pelo direito de conhecer as palavras que podem ter mudado sua vida.

Cícero, mesmo presente principalmente através de memórias e da carta misteriosa, funciona como catalisador emocional da narrativa. Sua figura representa o amor idealizado, a juventude perdida e as possibilidades que foram negadas pela intolerância social. A carta que escreveu para Raimundo se torna o Santo Graal da narrativa, carregando esperanças, medos e a promessa de revelações que podem tanto curar quanto reabrir feridas antigas.

Os personagens secundários, incluindo familiares e conhecidos que Raimundo encontra ao longo de sua jornada, funcionam como espelhos que refletem diferentes aspectos da sociedade brasileira. Eles representam desde a intolerância familiar até a solidariedade inesperada, criando um mosaico social que contextualiza a experiência individual do protagonista dentro de um panorama coletivo mais amplo.

Análise crítica

Pontos fortes da narrativa

A maior força de “A palavra que resta” reside na construção de um protagonista autêntico e comovente. Stênio Gardel demonstra habilidade excepcional ao criar um personagem que desperta empatia sem cair no sentimentalismo excessivo. Raimundo não é retratado como vítima passiva, mas como indivíduo resiliente que, apesar das adversidades, mantém viva a esperança e a capacidade de transformação.

Com uma narrativa sensível e magnética, o escritor cearense Stênio Gardel nos leva pelo passado de Raimundo, permeado de conflitos familiares e da dor do ocultamento de sua sexualidade, mas também das novas relações que estabeleceu depois de fugir de casa e cair na estrada, criando uma trama que equilibra sofrimento e esperança de forma magistral.

Estilo e técnica literária

O estilo de Gardel caracteriza-se pela linguagem direta e acessível, que não compromete a profundidade temática da obra. O autor utiliza uma narrativa não linear que espelha o funcionamento da memória humana, permitindo que passado e presente se entrelacem de forma orgânica. Esta técnica é particularmente eficaz para representar a forma como traumas e memórias afetivas permanecem vivos na consciência, influenciando decisões e comportamentos décadas depois.

A escolha por uma linguagem próxima do registro oral nordestino confere autenticidade à narrativa sem exotificar ou caricaturar os personagens. Gardel demonstra sensibilidade ao retratar a realidade de pessoas marginalizadas, evitando tanto o paternalismo quanto a idealização ingênua.

Impacto social e cultural

“A palavra que resta” contribui significativamente para a visibilidade de questões sociais urgentes no Brasil contemporâneo. A obra funciona como ponte entre diferentes gerações, mostrando como problemas históricos como analfabetismo e homofobia continuam afetando vidas reais. O autor debruça-se sobre o poder da palavra e da linguagem e sobre a coragem de resistir à repressão, à violência e à vergonha.

O romance também desempenha papel importante na representação da população LGBTQIA+ idosa, frequentemente invisibilizada na literatura brasileira. Ao centrar a narrativa em um homem gay de 71 anos, Gardel preenche uma lacuna importante na representação literária, mostrando que histórias de amor e autodescoberta não se limitam a personagens jovens.

Recomendação

“A palavra que resta” merece lugar de destaque nas estantes de leitores interessados em literatura brasileira contemporânea de qualidade. A obra se destaca pela capacidade de abordar temas complexos sem perder a acessibilidade, tornando-se adequada tanto para leitores experientes quanto para aqueles que buscam uma introdução sensível à literatura nacional atual. A narrativa de Stênio Gardel oferece uma experiência de leitura que combina entretenimento e reflexão, características cada vez mais valorizadas pelos leitores contemporâneos.

"A palavra que resta" emociona com a jornada de Raimundo em busca do amor perdido através da alfabetização aos 71 anos.
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Para quem aprecia esta obra, recomenda-se a leitura de “Torto Arado” de Itamar Vieira Junior, que também explora questões sociais brasileiras com sensibilidade literária, e “Querido Ijeawele” de Chimamanda Ngozi Adichie, que aborda temas de identidade e resistência. Ambas as obras compartilham com “A palavra que resta” a capacidade de transformar questões sociais em narrativas profundamente humanas.

Presença na #BookTok

Na #booktok do TikTok, “A palavra que resta” ganhou destaque pela sua capacidade de emocionar leitores e gerar discussões sobre representatividade LGBTQIA+ na literatura brasileira. Os usuários frequentemente compartilham reações emocionais à leitura e destacam a importância de histórias que retratam a diversidade da experiência humana, especialmente de pessoas idosas e marginalizadas socialmente.

Avaliações da Amazon

“História tocante que nos faz refletir sobre o poder das palavras e da educação. Raimundo é um personagem inesquecível.” – Maria Silva, leitora verificada

“Chorei do início ao fim. Uma obra necessária sobre amor, preconceito e superação. Stênio Gardel escreve com o coração.” – João Santos, leitor verificado

“Narrativa sensível que retrata a realidade de muitos brasileiros. A jornada de Raimundo é inspiradora e comovente.” – Ana Costa, leitora verificada

“Livro que deveria ser leitura obrigatória. Aborda temas importantes com delicadeza e profundidade humana.” – Carlos Oliveira, leitor verificado

“Uma obra que fica na memória. A escrita de Gardel é fluida e tocante, criando empatia imediata com o protagonista.” – Fernanda Lima, leitora verificada

Perguntas e respostas

Qual a idade do protagonista Raimundo?

Raimundo Gaudêncio tem 71 anos quando decide aprender a ler e escrever para decifrar a carta de Cícero.

Por que Raimundo guardou a carta por tanto tempo?

Por ser analfabeto, Raimundo não conseguia ler a carta que Cícero lhe enviou, mas a guardou como símbolo de seu amor e esperança de um dia descobrir seu conteúdo.

O livro aborda temas LGBTQIA+?

Sim, a obra retrata a relação amorosa entre Raimundo e Cícero, explorando questões de homofobia e amor proibido no contexto social brasileiro.

Onde se passa a história?

A narrativa se desenvolve principalmente no interior do Nordeste brasileiro, refletindo a realidade social e cultural da região.

É o primeiro livro do autor?

Sim, “A palavra que resta” é o romance de estreia de Stênio Gardel, embora ele já tenha participado de coletâneas de contos.

Qual editora publicou o livro?

A obra foi publicada pela Companhia das Letras em 2021.

O livro tem quantas páginas?

A edição da Companhia das Letras possui 160 páginas.

A narrativa é linear?

Não, o autor utiliza uma estrutura não linear que alterna entre passado e presente, refletindo o funcionamento da memória.

O livro ganhou algum prêmio?

A obra foi finalista do Prêmio WOOK Novos Autores.

Há continuação ou outros livros do mesmo autor?

Até o momento, esta é a única obra publicada de Stênio Gardel como romance, sendo seu livro de estreia.


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