Salvar o Fogo, publicado pela Todavia em 2023, representa o aguardado romance de Itamar Vieira Junior após o estrondoso sucesso de Torto Arado, que conquistou prêmios importantes como o Jabuti e o Oceanos. Nesta nova obra, o autor baiano amplia seu olhar sobre as questões sociais brasileiras através de personagens complexos e uma narrativa envolvente que atravessa diferentes temporalidades.

Salvar o Fogo traz uma poderosa narrativa sobre memória e resistência, entrelaçando vidas marcadas pelas contradições sociais brasileiras.

A narrativa nos transporta para Salvador, onde acompanhamos a vida de Ana, uma professora universitária que estabelece uma conexão inesperada com Dona Francisca, uma idosa que foi encontrada sozinha e em condições precárias em uma casa antiga. Enquanto constrói essa relação improvável, o autor tece reflexões profundas sobre memória, pertencimento e os abismos sociais que marcam nossa sociedade.

Uma narrativa em camadas e vozes diversas

A estrutura narrativa de Salvar o Fogo impressiona pela habilidade com que Itamar Vieira Junior alterna entre diferentes perspectivas e temporalidades. O romance apresenta múltiplas vozes que se entrelaçam para compor um mosaico da realidade brasileira, revelando as feridas históricas de nossa sociedade que permanecem abertas no presente.

Ana, a protagonista, carrega em si os conflitos de uma mulher negra que ascendeu socialmente através da educação, mas que se vê constantemente confrontada com o racismo estrutural. Sua trajetória acadêmica contrasta com suas origens humildes, criando tensões internas que o autor explora com sensibilidade e profundidade ao longo da narrativa.

Dona Francisca, por sua vez, representa um elo com o passado e com tradições ancestrais que resistem ao tempo. Através de suas memórias fragmentadas, temos acesso a histórias de resistência e sobrevivência que remontam ao período escravocrata e que continuam reverberando na sociedade contemporânea.

A linguagem como instrumento de resistência

A prosa poética de Itamar Vieira Junior se destaca como uma de suas maiores qualidades. O autor demonstra domínio absoluto da linguagem, criando uma narrativa que flui naturalmente entre o coloquial e o lírico, entre o concreto e o metafórico. As descrições dos cenários de Salvador, tanto dos bairros nobres quanto das periferias, ganham vida através de uma escrita sensorial que envolve o leitor completamente.

Os diálogos entre os personagens carregam a autenticidade dos falares populares baianos, sem cair em estereótipos ou folclorizações. Itamar registra com precisão as nuances linguísticas que revelam classe social, geração e origem, transformando a própria linguagem em um elemento de caracterização e crítica social.

A narrativa também incorpora elementos de religiosidade de matriz africana, especialmente do candomblé, como parte fundamental da cosmovisão de personagens como Dona Francisca. Esses elementos são tratados com respeito e profundidade, mostrando como constituem formas de resistência cultural e identitária.

O corpo como território político

Outro aspecto central da obra é a forma como o autor aborda o corpo como um território político, marcado por violências e resistências. As experiências corporais dos personagens, especialmente das mulheres negras retratadas no livro, revelam as marcas de opressões históricas e contemporâneas, desde a escravidão até o racismo cotidiano.

O romance não se furta a abordar temas difíceis como violência doméstica, abuso sexual e racismo, mas o faz com uma sensibilidade que evita o espetáculo da dor. Itamar consegue denunciar essas violências sem transformá-las em objetos de consumo, humanizando sempre suas vítimas e mostrando suas estratégias de resistência e sobrevivência.

Avaliações da rede

“Itamar conseguiu superar a excelência de Torto Arado com uma narrativa ainda mais madura e visceral em Salvar o Fogo.” – Carolina Mendes

“Um romance que queima na alma e permanece aceso na memória muito tempo depois da última página.” – Rafael Soares

“A prosa poética de Itamar nos conecta com as raízes profundas do Brasil que insistimos em ignorar.” – Fernanda Oliveira

“Salvar o Fogo é daqueles raros livros que transformam o leitor de maneira irreversível.” – João Paulo Santos

“Uma das mais importantes vozes da literatura brasileira contemporânea, Itamar confirma seu talento extraordinário neste romance impactante.” – Mariana Alves

Se você chegou até aqui…

É porque deseja muito ler este livro pois algo nesta narrativa poderosa sobre memória, resistência e ancestralidade despertou seu interesse. Salvar o Fogo não representa apenas mais um título na estante, mas sim uma experiência transformadora que ampliará sua compreensão sobre o Brasil profundo, suas contradições e belezas.

Este livro já se tornou leitura obrigatória em diversas universidades brasileiras, principalmente nos cursos de Letras, Sociologia e História, graças à sua abordagem sensível e contundente das questões raciais e sociais brasileiras. Professores de literatura contemporânea frequentemente o recomendam como uma das obras fundamentais para entender o Brasil do século XXI.

Ter Salvar o Fogo em sua biblioteca pessoal significa possuir não apenas um dos romances mais importantes da literatura brasileira recente, mas também um documento que ilumina nossa realidade social com rara sensibilidade estética. A narrativa de Itamar Vieira Junior certamente ocupará um lugar especial entre suas leituras mais impactantes e memoráveis.

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